quinta-feira, 7 de julho de 2016

Os poros da pele se abrem lentamente. Os pelos se levantam. A espinha esfria, o corpo treme aos poucos.
A pele na pele esquenta cada pedaço de mim. É quase um teletransporte. Saio do mundo e entro em nós. Nos entrelaçamos como dois animais sedentos por contato, por suor, por gozo.
É instintivo querer te puxar para dentro de mim, querer que você seja uma parte do meu eu.
Sabe, tenho poucos vícios... A maioria se mostra, ao longo do tempo e com o desgaste da fixação, mero hábito. 
Alguns até causam certa abstinência quando chega a hora de largar, mas em todos estes casos o suor frio e as crises de choro que a falta faz valem mais a pena do que as amarras e cortes materializados pela presença.
Os vícios saudáveis, mesmo que um dia se mostrem hábitos também, acabam se tornando riscos na pele. 
Gosto da dor. Gosto da dor das tuas mãos apertando minha carne, gosto da dor dos teus dentes cerrando meus lábios. Gosto da dor da tua palma na minha bunda. Me contorço, grito, molho.
E gosto, também, da dor da marca na pele e na alma. A tatuagem na pele é a materialização de algumas das coisas que têm tanta importância, que me parece justo eternizar nas paredes do templo.
Mas existem coisas, como você e seu poder sobre mim, que se concretizam por meio de tatuagens na alma.
Não sei se para sempre ou até quando, mas teu toque, teu cheiro, teu gosto e teu eu me viciaram. É droga das pesadas. A ausência provoca pequenas crises de abstinência que, até agora, só me excitam a querer mais e mais. 
E é por esse poderio - que poucas pessoas conseguem ter sobre mim, porque fui adquirindo ao longo das relações uma incrível capacidade de imunidade -, que você deixou marcas. 
E tudo é efêmero, menos as marcas que as coisas pessoas cheiros toques gostos gozos deixam em nós.
E você marcou como poucos. Até desisto da minha imunidade se for para ter você ao lado.

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