quarta-feira, 21 de maio de 2014

Eu nunca soube quem sou. Não entendia as minhas próprias inconstâncias por não entender seus motivos.
Não me entendia constante também. Nada fazia muito sentido.
Agia, sentia, pensava, queria, tudo isso sem saber o por quê.
Agia sem saber o motivo de estar agindo, sentia sem saber o motivo de estar sentindo, pensava sem saber o motivo de estar pensando, queria sem saber o motivo de estar querendo. Com gerúndio mesmo, porque era exatamente assim.
Todos os conhecimentos que tinha sobre mim mesma eram primários e encaixá-los não era possível, faltava algo.
Por muito tempo eu me encontrei perdida em mim mesma. Era difícil, inclusive, resolver meus próprios problemas. Desesperador, mas eu simplesmente não sabia como fazê-lo.
E, depois de ficar a deriva em mim mesma, percebi que era hora de ancorar. Era hora de desbravar aquele mar gigante, aquele meu mar, e entendê-lo onda por onda.
Trabalho árduo, pesado, cansativo. Era preciso começar lá do fundo, antes mesmo das ondas se formarem. Era necessário saber cada detalhe de sua formação, para entender com clareza a sua quebra.
E, calmamente, me deixando guiar pela maré de mim mesma, hoje consigo me olhar sem me afogar em milhares de incertezas. Hoje meu mar e sua maré não me derrubam mais. Hoje consigo nadar em suas profundezas e ficar em pé, fincando meus pés em areia agora familiar.