sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tão rápido quanto a lua vira sol, me tornei tua.
Nua, deitada em teus lençóis brancos e paralisada por teu sorriso brando, me entreguei ao teu bel prazer.
Mas, é como diria Drummond:
"(...) o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será."
Então sossegue, Maria.
Poderão vir as bodas, assim como poderão ficar na imaginação.
Mas isso nunca foi impedimento para esse coração romântico que vos fala: independente das intempéries do futuro incerto, muito me faz feliz reservar-me toda àquele que leva consigo um pedaço de mim.
A caminhada melancólica e vertical assim o é apenas para os que não enxergam em qualquer amor sua profundidade, beleza e poder de combustível.
Que me perdoe, agora, Drummond: o amor, no escuro ou no  claro, no real ou no imaginário, na certeza ou na incerteza, não deve ser triste, não deve doer. Deve ser a coisa mais sutil e alegre, dentre todas as coisas que podemos viver.
Portanto, enquanto há essa chama sua acessa em mim, lembrarei de cada segundo e fantasiarei outros mais, com um peito lotado de barulhos e sensações inefáveis, que a mim só se traduzem em: continue amando com toda a alma, pois é razão de ser e de viver o verbo sempreamar, o verbo pluriamar.*
Nesses casos, volto a concordar com Drummond:

"(...) amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido."

"Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários."

Amemos, amemos muito. Não há salvação para nós, que não o amor.



*Além da Terra, além do céu - Carlos Drummond de Andrade.

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