quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

E guardou para si muitas palavras. Evitou o confronto, preferiu calar e chorar baixinho.
Cada frase que não dizia era um nó na garganta. De tanto nó, quebrou-se o nós.
O não dito se acumula, vai lotando o peito, a boca, a alma. Entristece, enraivece, enlouquece.
Mas nosso corpo e nosso espírito tem um limite não muito grande no que se refere a isso.
Cabem, em nós, poucas dessas amarguras do eu-deveria-ter-dito-isso. A gente incha, infla, lota, transborda.
E num momento qualquer, despretensioso, numa tarde fria, a gente explode. E por vários e longos minutos, diz palavra por palavra, dessas que a gente tanto calou. Parece que perdemos momentaneamente o auto controle e elas simplesmente pulam da boca. Com o perdão da expressão, a gente vomita tudo o que engoliu à força.
E se sente, em certa medida, leve. E essa leveza é essencial para não morrer afogado por letras impedidas de sair. A grande questão é: quando a gente engole, acumula e explode, não seleciona e não controla as sentenças. Sai tudo misturado, com pitadas de raiva, tristeza e decepção - inclusive consigo mesmo.
Não há tempo de digerir antes de colocar pra fora. As chances de mágoa são aumentadas exponencialmente. Portanto, um conselho amigo de quem muito guarda colóquios: mesmo quando a conversa vai doer, menos dolorida é a dor das palavras não guardadas.


Acreditem, não é pouco o número de nós que eu quebrei por achar que meu corpo absorveria o que eu precisava falar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário