sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Um copo de vinho e um maço de cigarros.
A bebida tem a cor das minhas unhas e a brasa queima como minha garganta.
A cabeça, ao mesmo tempo que está longe, está perto; perto de você, assim como o coração.
Tango como trilha sonora.
E as lágrimas se misturam ao vinho. Poderia ser assim com nossos corpos; nossas vidas.
Eu seria o vinho: vermelho, intenso, que desce leve, mas deixa alegre sem ao menos perceber.
Você seria as lágrimas: feitas de água, que é o que eu preciso para sobreviver.
Balanço a taça, os movimentos são leves como os de nossos corpos virando de um lado pro outro da cama.
Viramos um só agora, é impossível distinguir quem sou eu e quem é você.
Mas ainda temos o mesmo gosto: juntos temos gosto de vinho, mas, separados, eu ainda sou doce e melancólica e tu ainda é amargo.
E o tango embala cada gole, cada tragada e cada lágrima, que representa um pouco de você saindo de mim.

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